Quando o exemplo do professor serve de inspiração e motivação para a carreira docente.

Assessoria de Comunicação da Universidade de Caxias do Sul - 29/08/2019 | Editado em 09/10/2019

Em entrevista alusiva às comemorações dos 40 anos do curso de Engenharia da UCS, o professor Luis Rafael Bonetto, docente da Área do Conhecimento de Ciências Exatas e Tecnologias, falou sobre os exemplos que recebeu de seus professores da graduação e de que forma ele os aproveitou na construção do seu modelo docente

O engenheiro químico Luis Rafael Bonetto ganhou a láurea acadêmica quando se graduou pela UCS em 2013. Inspirado no exemplo de muitos de seus professores, ele começava ali uma trajetória profissional com foco na pesquisa e na docência. Em 2014, ingressou no Mestrado em Engenharia e Ciência dos Materiais da UCS, que emendou com mais uma graduação no Programa Especial de Formação Pedagógica, também na UCS, e o Doutorado em Engenharia Química na UFRGS, que deverá concluir em dois anos.

Em 2016, ele ingressou como professor na UCS, para atuar nos cursos de Engenharia, passando a fazer parte, ao lado de seus antigos professores, do corpo docente da Instituição. Convidado a falar sobre a rápida trajetória que o levou de estudante a professor da Engenharia Química da UCS, em menos de 10 anos, o professor Bonetto aproveita para evidenciar as oportunidades de formação e atuação do engenheiro químico.

 

Qual é a sensação de compartilhar com seus (antigos) professores o desafio de formar uma nova geração de engenheiros químicos?
– Com certeza é bastante gratificante poder estar ao lado de meus professores, mas, ao mesmo tempo, é extremamente desafiador. É uma grande responsabilidade e as exigências são bastante altas, contudo, possuo a sorte de sempre poder contar com o apoio deles nos momentos mais difíceis.

O quê do estudante Bonetto você vê nos seus alunos em sala de aula?
– Vejo o grande empenho deles em conciliar o trabalho com o estudo. Parece-me que as dificuldades que tive durante a graduação com essas duas atividades ainda se mantêm. Grande parte dos alunos do curso trabalha durante o dia e vejo o esforço deles em conciliar tudo isso, em se dedicar a sua formação, mesmo com escassez de tempo. Lamentavelmente, esse perfil se alterou pouco desde a minha época.

O que você reproduz das práticas de seus professores em sua sala de aula? E o que foi preciso mudar ou adaptar?
– Eu utilizo muitas estratégias de ensino e de aprendizagem que meus professores utilizaram, como por exemplo, eu cobro a entrega de exercícios quase que semanalmente, solicito relatórios, utilizo sites de simulação, proponho seminários ao final do semestre sobre processos que empregam os assuntos discutidos na disciplina, dentre outras coisas. Tudo isso foi feito por meus professores e são métodos que têm dado certo, então, eu os utilizo com frequência. Além disso, trago os exemplos que tive no trato com a turma, na atenção dispendida e no respeito que tive de meus professores durante a minha graduação.

Obviamente, tive que fazer algumas modificações ao meu estilo. Eu costumo usar uma carga um pouco maior de exercícios e procuro utilizar mais programas de computador durante as aulas, como planilhas eletrônicas, simuladores, programas matemáticos e aplicativos. Todo o semestre eu tento implementar algo diferente, vindo ao encontro das metodologias de aprendizagem ativa, amplamente discutidas no âmbito da Universidade. A ideia é tentar colocar cada vez mais o estudante como protagonista do processo de aprendizagem.

Quais são os grandes desafios dos professores de Engenharia Química?
– Acredito que um grande desafio de qualquer docente hoje seja formar profissionais com autonomia, senso crítico, ética, responsabilidade, dentre outros valores. A técnica é imprescindível para poder exercer a profissão com proeminência, mas os valores pessoais formam cidadãos melhores, que saberão usar seu conhecimento com sabedoria, ajudando a construir uma sociedade melhor.

A carreira de engenharia química é sólida e promissora?
– Sim. A Engenharia Química é uma área já consolidada no panorama industrial mundial. Apesar de nada parecer muito promissor no contexto atual, a indústria química ainda possui muitas oportunidades de aprimoramento, principalmente no que se refere ao aperfeiçoamento dos processos produtivos. A redução das emissões de rejeitos e dos impactos ambientais só poderá ser alcançada se existirem modificações nas etapas dos processos. Ainda, o profissional da Engenharia Química possui formação bastante abrangente, o que lhe permite derivar para outras áreas correlatas e gerenciar equipes multidisciplinares com maior facilidade.

Quais os principais campos de atuação do engenheiro químico formado pela UCS?
São vários! Estamos em um polo metalmecânico que abrange bastante os profissionais de engenharia química e não se pode esquecer que temos um polo petroquímico bastante próximo a nossa cidade. Além disso, a região possui indústrias nas áreas da madeira/mobiliário, do papel e da celulose, da borracha, fumo e couro, têxtil, de alimentos e bebidas, energia, petroquímica, eletroeletrônica, entre outros. A carreira acadêmica também oferece diversas oportunidades, com cursos de pós-graduação em áreas correlatas, oferecidos pela própria UCS.

Indique alguns motivos que justifiquem o ingresso hoje em um curso de Engenharia Química.
– A Engenharia Química é uma área consolidada no panorama industrial com diversas oportunidades de aperfeiçoamento, principalmente no que tange à minimização da geração de efluentes e do consumo de bens esgotáveis e imprescindíveis, como a água.
– Existem muitas oportunidades na pós-graduação, onde o profissional pode desenvolver trabalhos de pesquisa para resolver algum problema relacionado a um processo produtivo, à validação de algum método que seja mais eficaz e com menor custo, à preservação do meio ambiente, dentre outras áreas. Esse ramo também traz oportunidades na docência, àqueles que tiverem maior aptidão para a carreira acadêmica.
– O curso de Engenharia Química propicia uma formação generalista e abrangente, o que lhe permite derivar para diversas áreas correlatas e gerenciar equipes multidisciplinares com maior facilidade.

Que requisitos você considera essenciais para o engenheiro químico que deseja ter sucesso na profissão?
– O profissional da Engenharia Química deve possuir uma formação sólida nos aspectos técnicos e, para isso, é necessário dedicar-se bastante durante o curso. É necessário desenvolver autonomia, pois a tecnologia avança muito rápido e, em poucos anos, esse profissional terá contato com equipamentos e softwares que não existiam na época de sua formação. Todavia, somente possuir boa formação técnica não é suficiente. É preciso também possuir boas habilidades sociais, ou seja, de relacionamento interpessoal e saber saber trabalhar em grupo e até mesmo estar preparado para liderar grupos de trabalho. Também precisa saber se comunicar adequadamente, com bom vocabulário, com boa escrita, inclusive em um segundo idioma. E claro, precisa ser humano, ético, responsável com a preservação do meio ambiente e saber que o objetivo de tudo é construirmos uma sociedade melhor.

Fotos: Claudia Velho