Referência em Direitos Humanos, Educação Social e Religiosidade

Carlos Alberto Libânio Christo, nascido em 25 de agosto de 1944 em Belo Horizonte (MG), tornou-se Frei Betto ao professar na Ordem Dominicana, em fevereiro de 1966, em São Paulo. Estudou jornalismo, antropologia, filosofia e teologia.Em 1962, foi escolhido dirigente nacional da Juventude Estudantil Católica (JEC).

No contexto da época, a liderança político-religiosa rendeu-lhe duas prisões pelo Regime Militar brasileiro, ainda no início de sua trajetória. A primeira, por 15 dias, em 1964, ano da deposição do presidente civil João Goulart. E a segunda, por quatro anos, entre 1969 e 1973, pelo apoio, junto com outros frades dominicanos, ao grupo Ação Libertadora Nacional (ALN), que combatia o governo militar.

As experiências no período estão relatadas nos livros “Cartas da Prisão” , “Diário de Fernando – Nos cárceres da ditadura militar brasileira” e “Batismo de Sangue” – este ganhador, em 1982, do Jabuti, o principal prêmio literário brasileiro (o qual o autor venceria outra vez em 2005), concedido pela Câmara Brasileira do Livro. Por seu impacto e alcance internacional, a obra tornou-se um marco do reconhecimento de Frei Betto como um dos mais importantes intelectuais brasileiros desde então.

Após a prisão, o religioso atuou em movimentos pastorais e sociais, tornando-se expoente da Teologia da Libertação no Brasil. Atuou na implantação das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) no Espírito Santo; assessorou a Pastoral Operária do ABC e o Instituto Cidadania, ambos de São Paulo; coordenou a Articulação Nacional de Movimentos Populares e Sindicais (Anampos); participou da fundação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da Central de Movimentos Populares (CMP) e do programa Todos pela Educação. Em 2003 e 2004, foi assessor especial da presidência da República e coordenador de Mobilização Social do Programa Fome Zero, no primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Atualmente, segue assessor e consultor de movimentos sociais – sendo, por exemplo, membro do Conselho Mundial do Projeto José Martí, de Solidariedade Internacional –, e é articulista e colaborador de jornais, revistas, sites e blogs no Brasil e no exterior, como O Globo, Folha de S. Paulo, Hoje em Dia, Brasil de Fato e Caros Amigos.

Premiações nacionais e internacionais
Ao longo de sua trajetória, Frei Betto foi agraciado com diversos prêmios nacionais e internacionais, conferidos por entidades, universidades, institutos e órgãos públicos, por sua atuação em favor dos Direitos Humanos, da cidadania e da justiça social. Também recebeu diversos prêmios literários, além do Jabuti, por sua produção cultural e educacional. Em 1986, eleito pela União Brasileira dos Escritores (UBE) Intelectual do Ano, ganhou o Prêmio Juca Pato. Em 2009, foi agraciado com o Prêmio ALBA de Las Letras em reconhecimento ao conjunto de sua obra literária.

No final de 2014, tornou-se a primeira personalidade a ganhar o Prêmio Dom Paulo Evaristo Arns, pela trajetória na área dos Direitos Humanos. Em 2015 teve concedido o título de Doutor Honoris Causa em Filosofia, pela Universidade de Havana, Cuba.

Em abril de 2016, o Conselho Universitário da Universidad Nacional da Costa Rica outorgou a Frei Betto a Medalla Universidad Nacional, “em reconhecimento a seu legado à arte, à educação e outras formas de expressão e pensamento da humanidade”. Em março de 2017, recebeu do presidente do Equador, Rafael Correa, a Medalha da Ordem Nacional do Mérito, no grau de Oficial, por sua luta em defesa dos Direitos Humanos, trajetória que o tornou referência na história contemporânea da América Latina.