Abertura do Mestrado Profissional em Psicologia debate fatores de risco e proteção no trabalho.
Encontro foi conduzido pela Dr. Lilia Aparecida Kanan, da Uniplac, reunindo mestrandos do novo Programa de Pós-Graduação da UCS e estudantes da graduação.

O Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UCS abriu os trabalhos do seu Mestrado Profissional com aula inaugural na quinta-feira, dia 8 de agosto. A atividade ocorreu no auditório do bloco E com a palestra da professora Lilia Aparecida Kanan, pesquisadora da Universidade do Planalto Catarinense (Uniplac).
Durante o encontro, Lilia destacou os fatores de risco e de proteção nas organizações de trabalho, apresentando um panorama geral das situações que afetam diretamente a saúde do trabalhador.
O evento teve a presença dos estudantes do Mestrado e também do curso de graduação em Psicologia. Foi para esse público que a pesquisadora abordou temas relevantes, entre eles, depressão e ansiedade. “Há um perigo invisível que nos espreita, a depressão. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, até 2020, a depressão será a enfermidade mais incapacitante do mundo”.
Conforme a pesquisadora, o Brasil é o país que tem a maior prevalência de depressão na América Latina, e a nação com a maior taxa de ansiedade por habitante no mundo, de acordo com a OMS. Com base em dados da Associação Brasileira de Psicanálise, Lilia explicou que 10% dos adolescentes brasileiros sofrem de depressão. “Estamos diante de uma época que requer que sejamos observadores, e possamos praticar a empatia. Muitos dos nossos ambientes são tóxicos e insalubres. Precisamos de empatia para identificar essa toxicidade”, enfatiza.
Nesse aspecto, a pesquisadora elencou fatores de risco no ambiente organizacional. Entre eles, citou a ausência de sentido e significado que as pessoas atribuem ao trabalho, as perdas de referência que exigem novos arranjos psíquicos e a necessidade de saber muito sobre temas variados, em contraposição à especialização que predominou entre os profissionais, em outras épocas. “Todos esses aspectos podem causar instabilidade emocional e geram, como consequência, uma ansiedade elevada. Vocês já repararam que tudo na contemporaneidade tem um caráter temporal? Tudo tem curta duração que leva à descartabilidade. As pessoas querem sempre inovar, tornando tudo descartável”, criticou.
De acordo com Lilia, não falar sobre fatores de risco em ambientes organizacionais não diminui o sofrimento das pessoas, por isso, é preciso trazer o assunto ao debate. “Falar, refletir e problematizar esses aspectos é essencial. Precisamos reconhecer que as organizações de trabalho são potencialmente adoecedoras. Esse é o primeiro passo para que criemos ambientes salubres, pouco tóxicos, em que as pessoas tenham segurança psicológica para exercerem seus trabalhos”.
A pesquisadora defende ainda que os transtornos nesses ambientes sejam entendidos a partir do contexto, sem culpabilizar o sujeito que ali atua em relação ao adoecimento. “Quando se diz que o problema é de saúde mental, estamos indiretamente afirmando que o problema é do sujeito. Quando se assume a perspectiva do contexto do ambiente, tem-se uma compreensão maior daqueles que podem ser fatores de risco, permitindo propostas de intervenções para ampliar os fatores de proteção”, finalizou.
Boas-vindas aos mestrandos
A primeira atividade do Mestrado Profissional em Psicologia teve também a participação do pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UCS, professor Juliano Rodrigues Gimenez. Ele destacou a importância do novo curso na atuação institucional da Universidade. “O início do mestrado é uma conquista e uma vitória. A Universidade de Caxias do Sul está acreditando na continuidade de sua missão. Estamos há 52 anos contribuindo com o desenvolvimento da região. Momentos como esse aqui (de uma aula inaugural) são grandes passos nesse sentido”, destacou.
O pró-reitor ressaltou ainda os objetivos de um mestrado profissional. “O curso vem com um propósito: de ajudar vocês a crescerem profissionalmente, trabalhando a pesquisa aplicada em suas áreas de interesse”, conceituou.
Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia, a professora Silvana Regina Ampessan Marcon falou em nome do corpo docente e agradeceu o engajamento do grupo. “Iniciamos o mestrado no mesmo ano em que o curso de Psicologia completa 40 anos. Eu queria agradecer aos colegas, que foram incansáveis na discussão do projeto que, no primeiro encaminhamento à CAPES, foi aprovado. Isso é algo difícil de acontecer”, ilustrou, ao falar sobre a qualidade da proposta que iniciava suas atividades.
Fotos: Claudia Velho
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