Autoridades e professores finlandeses participam do Seminário de Integração Brasil-Finlândia pela Inovação na Educação.

Assessoria de Comunicação da Universidade de Caxias do Sul - 11/11/2019 | Editado em 12/11/2019

Seminário foi a etapa final do 1º Ciclo de Debates Brasil-Finlândia na Educação em que se apresentou à comunidade os modelos educacionais inovadores e de referência no Brasil e na Finlândia.

Lasse Keisalo, cônsul da Finlândia no Brasil e Jelena Santalainen, coordenadora Pedagógica do Consulado Finlandês, em suas saudações aos participantes do Seminário de Integração Brasil-Finlândia pela Inovação na Educação, que encerrou neste final de semana o 1º Ciclo de Integração Brasil-Finlândia na Educação, deram algumas pistas sobre como a educação finlandesa alcançou resultados elevados no PISA – Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, que compara o nível de aprendizado entre jovens de todo o mundo. “A Finlândia é um país em que as pessoas acreditam na educação”, afirmou o cônsul que está há três meses no Brasil e enalteceu as relações entre a Finlândia e o Brasil, que comemoram 100 anos em dezembro deste ano, mas que começaram muito antes disso, ainda nos tempos do Império, com a exportação do café brasileiro, até hoje muito apreciado pelos finlandeses.

Minna Scheinin, diretora do projeto de Aprendizagem Futura da TUAS; Laisse Keisalo, cônsul da Finlândia no Brasil; Jelena Santalainen, coordenadora pedagógica do Consulado; reitor Evaldo Kuiava; Juliano Rodrigues Gimenez, pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, durante a conferência de abertura do Seminário.
Qualidade e equidade

“Nosso assunto hoje é a educação e eu lhes digo que a Finlândia resolveu seu problema da educação de forma sistemática. Nós acreditamos que qualidade e acesso equitativo à educação são condições para alcançarmos o desenvolvimento sustentável em nosso país. O mundo está mudando o tempo todo e temos de nos adaptar com criatividade a essas mudanças, preparando-nos para o futuro”.

A fala do cônsul é corroborada por dados do Fórum Econômico Mundial, reportados pelo jornal El País em março de 2018, por ocasião da divulgação pela ONU do Relatório Anual da Felicidade, em que a Finlândia aparece como “o país mais feliz do mundo”. Segundo o Fórum, a educação primária na Finlândia é a melhor do mundo, enquanto que a educação superior se encontra em terceiro lugar. A educação é gratuita até os 18 anos e não existem universidades privadas.

Mais recentemente, com a consolidação das relações de cooperação entre Brasil e Finlândia – nosso país é o maior parceiro comercial da Finlândia na América Latina -, a cooperação avançou também no campo da Educação, da Ciência e da Inovação, concorrendo para isso os resultados alcançados pelo sistema educacional finlandês nas avaliações internacionais.

Desde 2005, a Universidade de Caxias do Sul realiza atividades de intercâmbio com a Universidade de Ciências Aplicadas de Turku, instituição na qual foi desenvolvida a Pedagogia da Inovação – INNOPEDA®, uma abordagem inovadora de aprendizagem utilizada em instituições educacionais dentro e fora da Finlândia. Como resultado dessa interação, em 2015, foi firmado um acordo de cooperação entre a UCS e Universidade de Ciências Aplicadas de Turku com a finalidade de certificar e credenciar a Universidade de Caxias do Sul para ser um agente de divulgação da INNOPEDA® na região Sul do Brasil. A UCS foi a primeira universidade brasileira a receber essa credencial.

O 1º Ciclo de Integração Brasil-Finlândia na Educação, realizado na UCS, entre 4 e 11 de novembro foi, na expressão de seus organizadores um marco importante nas ações de cooperação entre as duas instituições, pois reuniu não somente autoridades e professores das duas universidades, mas recebeu – em eventos personalizados e com diferentes formatos – professores da Educação Básica e da Educação Superior de diferentes instituições de Caxias do Sul e de municípios vizinhos, culminando com o Seminário de Integração Brasil-Finlândia pela Inovação na Educação, do qual participaram os representantes do Consulado da Finlândia no Brasil e os representantes da Secretaria da Educação do Estado do Rio Grande do Sul. No centro de todas as apresentações e debates, estava a questão, muito bem sintetizada pelo pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Juliano Rodrigues Gimenez, logo no início do Seminário:
Como aliar as grandes virtudes que o modelo finlandês tem às grandes virtudes que nós também temos, para construirmos um modelo inovador que faça avançar a educação brasileira?

Em sua palestra, Jelena Santalainem (foto à esquerda), coordenadora Pedagógica do Consulado Finlandês, foi enfática sobre o fator determinante para o sucesso do modelo educacional da Finlândia, país com 5, 6 milhões de habitantes, situado no norte da Europa. “Equidade é a palavra que define a filosofia educacional da Finlândia”, afirmou a educadora, esclarecendo que equidade é tratar cada indivíduo segundo a sua natureza particular, o que é diferente de igualdade. “Na Finlândia, nós decidimos dar ênfase à equidade e não à competição. Não queremos competição. O sucesso na educação finlandesa é que todas as crianças estejam indo bem na escola. Toda criança deve ir bem em uma escola finlandesa”.

Em linhas gerais, Jelena destacou os principais pontos do sistema educacional finlandês: qualidade e equidade; os alunos são a base do processo educativo; a educação é grátis até os 18 anos; sempre há ajuda para quem precisa; o foco é na aprendizagem; a aprendizagem está baseada em fenômenos e há incentivo à pesquisa, ao desenvolvimento e à inovação; os currículos são flexíveis; há confiança no professor; e os ambientes são propícios à aprendizagem.

A professora Minna Scheinin (foto à direita), que durante toda a semana havia trabalhado com professores e estudantes da UCS em cursos de formação continuada, centrou sua fala na Pedagogia da Inovação – INNOPEDA®, desenvolvida pela Universidade de Turku e onde ela exerce o cargo de diretora do Projeto de Aprendizagem Futura. “Temos que ser flexíveis para aprender e desaprender e para aprender novamente. Temos o compromisso de apoiar nossas crianças desde cedo até o nível superior. Defendemos a ideia de que se aprende melhor quando se experimenta junto, por isso reunimos pessoas de áreas diferentes para aprendermos juntos. Acreditamos que a arte é muito importante para todos e que aprender pode acontecer em qualquer lugar. A INNOPEDA® é uma abordagem, uma estratégia de aprendizagem baseada no desenvolvimento de competências de inovação que, acreditamos, serão necessárias no futuro. Futuro esse que ainda não sabemos como será por isso queremos uma educação que sirva não só para a escola, mas para a vida das pessoas. E quais seriam essas competências? Pensamento criativo, iniciativa, capacidade de aprender junto e trabalhar em rede, ser capaz de aprender ao longo da vida.

Compartilhar experiências  para buscar novos rumos para a educação
Professora Flávia Fernanda Costa, diretora do CINTED; pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Juliano Gimenes Rodriguez; pró-reitora Acadêmica, Nilda Stecanela; secretário de Educação do RS, Faisal Karam; professora Rochelle Andreazza Maciel; professora Minna Scheinin diretora do Projeto de Aprendizagem Futura da Universidade de Ciências Aplicadas, de Turku, Finlândia.

No sábado, a programação continuou com o painel “Modelos Inovadores na Educação”, onde se buscou compartilhar algumas das experiências que estão sendo realizadas tanto no âmbito da gestão, como na sala de aula, na intenção de buscar caminhos e alternativas que possam apontar novos rumos para a educação.

Com a mediação da pró-reitora Acadêmica, Nilda Stecanela, o painel reuniu professores da UCS (Flavia Fernanda Costa, diretora do Centro de Inovação e Tecnologias Educacionais – CINTED/UCS, e Rochelle Andreazza Maciel), da TUAS (Minna Scheinin), o secretário de Educação do RS, Faisal Karam, e o coordenador do Centro de Gestão e Inovação da Secretaria Estadual da Educação, Silvio Zomer, que apresentou o Programa Jovem RS Conectado no Futuro, recém lançado pelo governo com a finalidade de qualificar a educação pública através do incentivo ao empreendedorismo e à criatividade e inovação no ambiente escolar.

Desafios para a educação no RS

O secretário (foto à direita) apresentou dados da educação básica no Rio Grande do Sul e foi pessimista com relação aos recursos disponíveis para a área: “Estamos encerrando um ciclo de Fundeb – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, sem saber o que vai acontecer em seguida, e isso é muito preocupante. A educação corre o risco de perder investimentos, que já são escassos, para a área da Saúde”. Ele também defendeu uma mudança de cultura na área da gestão pública, que estabeleça prioridades, evite o desperdício de recursos e aumente a responsabilidade com o gasto público. “Como mudar essa cultura com 2.500 escolas? Como investir em tecnologia na educação se não recursos? Por isso criamos os selos “Escola Inovadora”, “Escola Criativa”, e “Escola Empreendedora”, no contexto do Programa Jovem RS Conectado ao Futuro, assim podemos identificar as escolas, certificá-las e aportar-lhes recursos” anunciou o secretário, declarando ainda que é preciso “enfrentar as realidades difíceis e discuti-las com os professores, os gestores e as famílias”.

O Seminário prosseguiu na tarde de sábado com a realização de nove oficinas temáticas sobre estratégias inovadoras na educação.

Fotos: Claudia Velho