Docente do CARVI atua como voluntária no Projeto Piaba no Amazonas.

Assessoria de Comunicação da Universidade de Caxias do Sul - 21/08/2017 | Editado em 21/08/2017

Mais de três mil quilômetros levam a um trabalho para promover a sustentabilidade nas comunidades ribeirinhas do Rio Negro.

A partir de um convite do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e do SEBRAE-AM, em 2008, para falar sobre Indicação Geográfica para o produto “guaraná”, nas cidades de Maués e Urucará, no Amazonas, a professora Maria Inês Munari Balsan, dos cursos de Comércio Internacional e Administração no Campus Universitário da Região dos Vinhedos, se envolveu, voluntariamente, no “Projeto Piaba”, cuja missão é promover a sustentabilidade ambiental e social na captura e comercialização de peixes ornamentais na região do Rio Negro.

Esse projeto foi idealizado pelo professor Ning Labish Chao, da Universidade Federal do Amazonas, que busca também, ao tratar da comercialização de peixes ornamentais, contribuir para a conservação das florestas tropicais da Amazônia. A denominação do projeto de “Piaba” deve-se ao nome do peixe mais representativo na região, que também leva o nome de Cardinal ou Neon.

Ao concluir a palestra sobre Indicação Geográfica, Maria Inês conheceu o fundador do projeto que a convidou para uma expedição no Rio Negro para conhecer os problemas da região e dos peixes ornamentais. O convite, segundo ela, tinha como objetivo “achar uma solução para a cadeia desse produto, pois 95,5% é para exportação. Após essa expedição, propus fazer um processo de Indicação Geográfica – do tipo Indicação de Procedência, que valoriza o produto pela sua origem e pela sua qualidade, que também contemplam a cultura, história e seu povo. Durante quase quatro anos de estudos e elaboração de um dossiê, em 14 de setembro de 2015, através do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), fomos homologados com a Indicação de Procedência Rio Negro, a única no mundo em animal vivo e também a única para peixe vivo. Trata-se da primeira Indicação de Procedência (IP) no Norte do país”, explica a docente, que hoje é Diretora no Brasil do Projeto Piaba.

A partir de então, o projeto aplica nas comunidades de Barcelos e Santa Isabel do Rio Negro – que são os dois municípios pertencentes a essa IP – as Boas Práticas de Manejo, “permitindo que essa parte da cadeia de produção seja certificada e que entregue produtos de qualidade para os exportadores, que deverão ser treinados para utilizarem também as boas práticas de manejo. Na parte da cadeia referente ao mercado comprador (americano, europeu,…) já se trabalha na questão da conscientização para a compra do peixe sustentável, mantendo assim as famílias economicamente ativas e profissionalizadas”, relata.

Todo o trabalho desenvolvido pelo Projeto Piaba resultou na publicação de um livro Amazon Adventure – How tiny fish are saving the world’s largest rainforest (ou, Amazon Adventure: como os pequenos peixes estão salvando a maior floresta tropical do mundo), escrito por Sy Montgomery, com fotografias de Keith Ellenborgen. A obra faz referência ao trabalho da docente da UCS pelo fato de ter revitalizado o projeto, com a proposição da IP.

Segundo a docente da Universidade, as comunidades envolvidas no Projeto Piaba confiam muito no trabalho e apoio dos voluntários – veterinários, biólogos, cientistas na área dos peixes ornamentais – que, com suas atividades, colaboram para que os piabeiros (pescadores de peixe ornamental)  e suas famílias possam ter uma vida melhor e mais digna.

Foto: Paula Larentis