Simpósio Migração e Direitos Humanos: migrantes têm direitos e garantias previstas em legislação internacional.

Assessoria de Comunicação da Universidade de Caxias do Sul - 13/11/2019 | Editado em 13/11/2019
Apresentação da Operação Acolhida e ações de Interiorização de Imigrantes pelo Coronel Urubatã Muterle Gama (Exército Brasileiro). Na mesa (esq p/ dir); mediador Reginaldo Leonel Ferreira, da OAB-RS; Carla Lorenzo (representante da Organização Internacional para as Migrações OIM/ONU); e Willian Laureano (representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados – ACNUR/ONU).

Evento promovido pela Área de Ciências Jurídicas da UCS, OAB Caxias do Sul e Centro de Atendimento ao Migrante, com participação de representantes de agências da ONU e do Exército brasileiro, discutiu com especialistas e estudantes direitos fundamentais e políticas públicas de acolhimento e inclusão de estrangeiros

Ter contribuído com o desenvolvimento, por parte da comunidade caxiense e regional, da percepção do migrante como um sujeito com direitos e garantias fundamentais, asseguradas por lei, foi uma das principais contribuições do simpósio Migração e Refúgio: Diálogos à Luz dos Direitos Humanos, que reuniu mais de 400 pessoas, entre estudantes de graduação e pós-graduação, migrantes, autoridades acadêmicas, civis e militares e comunidade, na segunda, dia 11, no auditório do Bloco J da Universidade de Caxias do Sul. A avaliação é do professor coordenador do Airton Guilherme Berger Filho, que ressalta ainda a fundamentalidade da discussão proporcionada pela UCS, como instituição comunitária, em parceria com a seccional local da Ordem dos Advogados do Brasil e com o Centro de Atendimento ao Migrante (CAM).

“As ações de acolhimento aos migrantes têm por base a solidariedade, mas vão além, estando previstas no Direito, por meio de tratados internacionais e leis nacionais que estabelecem garantias fundamentais a todos os seres humanos”, aponta Berger, citando a Lei de Imigrações, o Estatuto dos Apátridas, a Constituição Federal Brasileira e a Lei Federal de Migrações como exemplos dessa regulamentação. “Isso assegura ao estrangeiro ser tratado como um sujeito de direitos e com dignidade humana”, sintetiza.

Tal reconhecimento embasa a possibilidade de desenvolvimento de políticas públicas de inclusão social, no âmbito do atendimento em saúde, oferta de educação e da capacitação para o emprego, acrescenta o professor, integrando o migrante ao tecido social, com os direitos e deveres atinentes à cidadania.

Evento, ao longo de todo o dia, reuniu 400 pessoas entre estudantes de graduação e pós-graduação, migrantes, autoridades acadêmicas, civis e militares.

Conteúdo dos debates – A programação estendeu-se ao longo do dia com a realização de três painéis com especialistas atuantes no setor. Os dois primeiros trataram das migrações no contexto brasileiro contemporâneo, Direitos Humanos e políticas públicas. O terceiro, à noite, contou com a exposição da Operação Acolhida e das ações de Interiorização dos Imigrantes coordenadas pelo Exército brasileiro, e com a apresentação de ações do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados – ACNUR/ONU) e da Organização Internacional para as Migrações (OIM/ONU). Uma reunião de trabalho, entre os palestrantes, mediadores, professores, representantes de organizações da sociedade civil e Poder Público para debateu, à tarde, ações, parcerias e projetos relativos a políticas públicas e aos Direitos dos Imigrantes.

A promoção do simpósio foi da Área do Conhecimento de Ciências Jurídicas e do Programa de Pós-Graduação em Direito, da Comissão de Direitos Humanos da OAB Caxias do Sul e do Centro de Atendimento ao Migrante de Caxias do Sul.

Acolher e integrar migrantes é assumir responsabilidade com o ser humano

O terceiro painel, à noite, foi precedido por uma solenidade de abertura que reuniu autoridades acadêmicas, civis, militares e as instituições integrantes da rede de acolhimento e direcionamento dos migrantes.

Na abertura dos pronunciamentos, o presidente da OAB Caxias do Sul, Rudimar Brogliato, destacou o dever institucional de preservação dos direitos humanos em todas as esferas. “Os migrantes que vêm de outros países não têm no que se amparar. São nossos irmãos e passam enfrentamentos iguais aos que nossos antepassados passaram. Assim, a OAB não pode se furtar a participar dessa discussão”, ponderou.

Na mesma linha, o diretor da Área do Conhecimento de Ciências Jurídicas, Edson Dinon Marques, considerou a promoção do debate um “movimento fraterno” praticado pela Comissão de Direitos Humanos da OAB Caxias do Sul, pelo Centro de Atendimento ao Migrante e pela UCS, em seu papel de universidade comunitária e filantrópica.

Diretora do CAM, Celsa Zucco; presidente da Associação Educadora São Carlos, Irmã Elena Ferrarini; reitor Evaldo Kuiava; presidente da OAB, Rudimar Brogliato; e diretor da Área de Ciências Jurídicos, Edson Dinon Marques.
Em nome da UCS, reitor Evaldo Kuiava entregou diploma ao Centro de Atendimento ao Migrante pelos 35 anos de cumprimento da missão de auxílio aos migrantes em Caxias do Sul.

‘A pátria é a terra que dá o pão’– A presidente da Associação Educadora São Carlos, entidade que mantém o Centro de Atendimento ao Migrante, Irmã Elena Ferrarini, lembrou que a assistência a esse público constitui a missão congregacional das Irmãs de São Carlos Borromeu Scalabrinianas, praticada em 30 países.

“A pátria, para o migrante, é a terra que lhe dá o pão, da amizade, da partilha, da solidariedade e da acolhida amiga e fraterna”, destacou.

A UCS, como universidade comunitária, compartilha da missão de auxiliar no desenvolvimento humano “em todas as suas dimensões”, relacionou, em seguida, o reitor Evaldo Kuiava. Evocando conhecimentos do campo da Filosofia, o reitor observou a tradição do pensamento ocidental de exclusão do diferente até Kant trazer o conceito de mentalidade alargada, fundamentando a empatia no sentido de contribuir com as estruturas para o ser humano responder às demandas da vida. “Temos, como sociedade, a responsabilidade de ajudar a cada um que se construa e desenvolva enquanto humano. É disso que estamos falando aqui”, definiu.

Fotos: Claudia Velho